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Foto Carla Caliman |
Sebastião
Bento Isidoro, conhecido por Seu Tião, funcionário do Arquivo Público do Estado
do Espírito Santo (APEES), tem a sua vida entrelaçada à do cinema capixaba.
Projecionista desde os 18 anos - profissão que resiste ao tempo apesar do
avanço da tecnologia digital - Seu Tião tem muito que contar sobre os anos nos
quais passou em diversas salas do Estado, como as do Cine Glória, do São Luiz,
do Santa Cecília e do Jandaia. Memórias estas que retomam as lembranças de uma
época na qual as salas de exibição eram um dos principais espaços de
convivência social das cidades e reforçam a importância da recuperação e
preservação da história do cinema no Espírito Santo.
Seu Tião explica que a projeção
sempre exerceu sobre ele um grande fascínio. O primeiro contato foi em um
acampamento cigano em Guaçuí, quando era criança, na década de 1950. Em uma das
tendas havia um projetor que o deixou impressionado. “Praticamente não havia
televisão no município. Fiquei muito interessadoem saber como as imagens se
mexiam” comenta. Curioso, ele foi conhecer um pequeno cinema da cidade. “Estava
passando um filme de guerra e faltou luz. Saí correndo. Senti muito medo”.
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Foto Carla Caliman |
Ainda sob o impacto do que havia visto resolveu montar o seu próprio projetor.
Para isso fez um equipamento de madeira com uma lâmpada e monóculo e utilizou
os quadrinhos de película descartados pelo proprietário da sala, os quais ele
colou artesanalmente. “Precisei de várias tentativas e ajustes, porque no
início não dava certo de jeito nenhum. Um dia consegui rodar um dos trechos na
parede. Foi muito bonito”.